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Precisamos de mais Churchwardens

“O cachimbo dá ao sábio tempo para pensar; e ao tolo algo para lhe ocupar a boca”. Essa máxima é frequentemente atribuída à C. S. Lewis, embora eu duvide que seja da autoria dele – Lewis, além de não cuidar bem de seus cachimbos cheios de cake de Three Nuns, era mais adepto dos cigarros em si.

O ponto aqui é que esse provérbio é muito bom. Desculpem-me as confreiras e leitoras do blog pelo tom “misógino” do que vou dizer. Creio que esse provérbio deveria estar em um quadro com uma bela moldura, na sala de qualquer “homem” que carregue um par de bolas entre as pernas (desculpem a linguagem, eu poderia dizer culhões, não é?).

É isso que separa os homens dos meninos. Paulo, o apóstolo cristão, fala em uma de suas cartas que quando criança, falava como menino, mas por ser adulto (quando escreve a carta em questão) deveria deixar as coisas de menino, falar e agir feito homem (1 Co 13.11).

Tá ok! Mas o que isso tem a ver com o provérbio do cachimbo, o título deste artigo? Calma, chegaremos lá.

Vivemos conectados! Essa é uma característica de nossa época, e alguns de nós passam muito mais tempo online do que off-line (isso é reversível, tem cura rsrs). É um tempo de informação rápida e um tempo de interações rápidas. Vivemos no “instantâneo”. É tudo muito simples, muito prático. Tudo se faz “na rede” – desde sua declaração de imposto de renda, a compra de sua bebida, tabaco e até seus cachimbos favoritos. O futuro, meus amigos, é agora.

Nesse espiral caótico de praticidade e instantaneidade, as coisas também ficaram, como diria o Zygmunt Bauman (o polonês cachimbeiro da sobrancelha engraçada), líquidas: “ – Tudo passa muito rápido, e no final nada tem muita importância”.

Isso se aplica às relações e comunicações nesse mundo sem lei chamado internet. Agora, é aqui que as coisas relacionadas ao título, provérbio, bolas e bíblia começam a se entrelaçar e fazer sentido.

Me acompanhe por um instante, por favor.

Hoje, as pessoas leem uma manchete (e só a manchete mesmo) de uma matéria em um blog de notícias, o servidor hospedado lá no círculo polar ártico, e antes mesmo de averiguar, já saem descarregando opiniões em nossa timeline, como se dependêssemos da opinião deles para sobreviver nesse mundo moderno.

Eles opinam sobre tudo: política, economia, ciência e tecnologia, astronomia, religião, esportes, cervejas, cultura pop, filosofia, gastronomia, ocultismo, música, camping, automotores, cachimbos, tabacos, charutos, destilados, comédia, vida após a morte, decoração, urbanismo, línguas e simbologia, aborto, maconha e por aí vai (a lista é imensa).

Eu, sinceramente, acho o máximo essas pessoas que sabem sobre tudo – sobre o céu, a terra, as coisas que estão entre os dois, as coisas que nem existem e as que já existiram antes de nós. Eu fico, “Ual, como será que ele consegue estudar tantas coisas assim e falar com tanta ‘propriedade’ sobre tudo? ”, então eu resolvo perguntar: Poxa, que legal, qual é sua área de formação? O sujeito me responde: Sou massoterapeuta (isso é só um exemplo h i p o t é t i c o, ok?). Minha resposta é aquela interjeição desajeitada: “Huuuuuuummm, saquei”. Insisto: – E onde você aprendeu sobre tudo isso? – No youtube, cara – responde. Mais uma vez, de minha parte vem um “Huuuummm, entendi”.

Você com certeza conhece um cara assim, não conhece? Graduado na Universidade Google, especialização em WhatsApp e pós-graduação em Youtube. Se você não conhece ninguém assim, é sobre você que estou falando (Rá, te peguei!).

Por que falo isso? Falo isso porque sofri para me graduar em teologia protestante reformada, um assunto bem específico, mesmo assim, tenho medo de ficar “teologando” por aí, falar uma besteira, e ficar mal no sindicato (rsrs). Tenho medo de manchar a reputação de gigantes que vieram antes de mim. Medo de chegar na eternidade e ser chamado atenção por Agostinho, Calvino, Karl Barth, Francis Schaeffer e muitos outros (pô velho, você só falou bobagens ein?). Quanto mais eu estudo, mas eu vejo que preciso estudar. É um ciclo interminável.

Até aqui, você pode concordar ou discordar de mim, mas neste ponto você se pergunta: – E o título, cara? O que isso tem a ver com tudo o que está armado lá em cima, no texto? Eu respondo:

– Eles estão entre nós, cachimbeiros. Eles estão em nossas comunidades, em nossos feeds – todos os lugares! Mas, então, o cachimbo não está lhes ocupando a boca? Está, mas o pipo está em clench entre os dentes e suas mãos estão livres para digitarem o que lhes vier à cabeça. Sem nenhum pudor. Sem limites. Sem brio. Sad but true.

Se você acompanhou a minha linha de raciocínio até aqui e sabe o que é um churchwarden, você me entende quando encerro dizendo que precisamos de mais churchwardens – cachimbos que ocupem nossas bocas e dedos tolos – e que nos livre da vergonha online e offline.




Algumas técnicas avançadas para cachimbar

Há muita informação por aí sobre como começar a fumar cachimbo. Mas e depois? Como avançar, evoluir e melhorar a santa hora do cachimbo?

Preparação, preenchimento, acendimento e compactação das cinzas no fornilho… essas são ótimas habilidades para se ter, mas sempre há algo mais a aprender sobre esse universo – é parte do que torna nosso hobby tão interessante e atemporal.

Sem a intenção de ser abrangente, aqui estão três técnicas dos fumantes experientes lá fora para você começar a progredir.

1. Retrohaling: /rétro.reilin/

 

Já deu risada enquanto bebia alguma coisa e aquilo saiu tudo pelo nariz? Então, é isso… mas sem a risada (rsrs).

Retrohaling é difícil de explicar, mas se for feito com sucesso te faz sentir um dragão – soltando fumaça pelas narinas. Sabemos que podemos cheirar mais odores do que podemos saborear sabores, e uma parte integrante da nossa compreensão do sabor de algo deriva de seu aroma.

Dessa forma, lançar fora a fumaça do cachimbo através do nariz aumenta as impressões do sabor e seus nuances de uma forma geralmente surpreendente.

Se você veio do mundo dos charutos, já sabe do que eu estou falando. Se veio dos cigarros – você está fazendo errado! (piada, ok?) Agora, se você começou pelo cachimbo, isso é importante – e não, isso não é tragar.

 

Ok, mas como se faz isso (sem morrer)?

 

Volte a imaginar a bebida saindo pelo nariz num momento de gargalhada e os músculos que você precisa empregar atrás do nariz, no alto da garganta e ao redor dos seios nasais para tal, isso é 50% da técnica.

Os outros 50% só virão de tentativa e erro – algumas tosses e tragadas involuntárias são inevitáveis. Sim, como a maioria das coisas relacionadas à arte de fumar cachimbo, você terá que praticar e dominar a técnica fazendo isso.

Uma última dica. Vá com calma! No início, tente apenas com cerca de 20% do volume de fumaça que você inalou. Se você tentar fazer em grande escala, especialmente se não estiver familiarizado com o movimento, você está navegando em direção a um caso épico nose-bite (mordida no nariz).

Uma dica bônus é: tente com tabacos mais suaves e evite os aromatizados quimicamente.

2. Soca o dedo! rsrs

 

Deixe o tamper (socador) de lado um pouco; use um dedo – qual deles achar melhor. Por que? A maioria dos cachimbeiros irá em algum momento corrigir e/ou arrumar o tabaco queimando no fornilho com o dedo – acontece. Mas por que?

Há quem realmente prefira os dedos aos tampers por uma única razão: o feedback e/ou sensação do tabaco quente em si pode instruir-nos para um “compactar” mais suave, o que pode levar a menos re-acendimentos porque o tabaco foi prensado demais com o socador. Basta ter em mente brasas vermelhas e um dedo sujo de cinzas.

(notas do tradutor)

Vale a pena tentar, te garanto. Já assistiu algum vídeo do Joffre, o gigante? Ele nunca tem um tamper; nunca! rsrs

3. Recompensa tardia

 

É fundamentalmente uma prática ligada ao desejo de descobrir sabores transformados de um único fornilho. Na prática, é bem simples: preencha o fornilho, dê aquela primeira acendida, dê algumas baforadas (ou mais) – só para sentir o sabor inicial e depois deixa o cachimbo de lado por um período de tempo indeterminado antes de voltar a ele.

Não existe uma regra rígida sobre como exatamente funciona. A premissa básica é deixar que um cachimbo quente caramelize e cozinhe o tabaco em seus próprios sucos por tempo suficiente para modificar em partes ou a totalidade dos aspectos do sabor do mesmo, até que você volte a fumá-lo.

A rigidez e disciplina estão em torno de qualquer metodologia específica, no entanto, essa aqui está sujeita à fantasia do cachimbeiro individual.

(notas do tradutor)

Eu experimentei com virginias. Acendi de manhã e fumei de noite. Outra vez, acendi num dia e fumei no outro – é algo realmente interessante.

 

E aí, curtiram? Vão testar alguma? Já conheciam essas? Se interessam por mais algumas? Comentem aqui e deixem-nos saber a opinião de vocês.

 

Fumaça confrades!

 

 

Versão inspirada, resumida e traduzida livremente por JC Pereira, o novato.

Original de Ted Swearingen para o smokingpipes.com