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Secagem Artificial de Tabaco

“Esta publicação é dedicada ao confrade Osmário Oliveira – que nos ensinou a arte de secar o tabaco muito úmido no forno de cozinha.” – JC


Eu gosto do meu tabaco bem seco, então deixo que ele fique fora da lata uma noite depois abrí-la. Dependendo do nível de umidade, isso geralmente é o suficiente.

No entanto, eu não sou terrivelmente organizado e muitas vezes me vejo sem tabaco seco para fumar, então eu pego um atalho que faz a maioria das tabacarias estremecer em desaprovação: eu uso o micro-ondas. Trinta segundos para uma lata de 50 gramas é suficiente, seguido por alguns minutos para respirar e esfriar.

Não consegui encontrar características negativas no sabor do tabaco após este procedimento. Outros cachimbeiros são capazes de discernir uma diferença, mas eu sinto falta de quaisquer receptores sensoriais que me permitam esse nível de percepção. Eu creio que deve ser melhor deixar o tabaco secar naturalmente, e tenho sido ensinado por especialistas que é melhor assim – pelo fato do calor poder alterar o sabor, mas eu não consigo identificar nenhum déficit neste sentido, então estou satisfeito.

Flakes de virgínias são os meus favoritos, então eu também preciso desmanchá-los, já que não estou entre os poucos experts que conseguem dobrá-los no fornilho e fumá-los facilmente sem a necessidade de ficar reacendendo. Eu não confio nessas pessoas! Esse truque utiliza alguma forma de trapaça não identificável, e eu sou desconfiado.

Enquanto muitos nunca se rebaixariam ao meu nível de “assistência em aparelhos de cozinha”, passei a preferí-lo por desfazer os flakes. Quando o tabaco ainda está quente após a secagem no micro-ondas, ele se desfaz com muito mais facilidade, em tiras longas e largas. Se eu esperar até ele esfrie e o tabaco esteja seco o suficiente para mim (ou seja, não crocante, mas se aproximando disso), ele ficará muito mais fino. Eu prefiro tiras de tabaco mais largas, então eu desmancho meus flakes enquanto eles ainda estão quentes.

Esse é um truque muito bom para aqueles que ainda estão “afinando (encontrando) a sua fumada. Se você fuma flakes, a temperatura após a secagem no micro-ondas é algo a ser observado, porque quanto mais frio o tabaco fica, mais finas são as tiras (ribbon cut). As tiras de tabaco tendem a manter a integridade enquanto estão quentes, mas se separam e se desintegram quando esfriam. Talvez seja porque quando quentes, ainda há alguma umidade nelas, mas seja qual for o motivo, experimente! Isso fornecerá um pouco mais de controle sobre a sua fumada, e uma variedade de níveis de umidade e consistência de para se escolher – e você pode até se tornar tão bom e conseguir fumar flakes úmidos sem desmanchá-los.

  • Texto original de Chuck Stanion para o o smokingpipes.com
  • Traduzido livremente por JC Pereira; o novato.

 

Fumaça confrades!




Mas afinal, qual é o melhor tabaco que existe?

Quando passamos a fazer parte do mundo dos tabacos, nos deparamos com algumas perguntas clássicas, como a do título desta matéria, que tentaremos, na medida do possível, responder.

 

Todavia, precisamos partir de outra questão igualmente corriqueira e complexa a ser respondida: “Qual tabaco você me indica?”

 

Em geral, todos os cachimbeiros (e porque não charuteiros) mais experientes já devem ter ouvido esta pergunta, especialmente os que vendem tabaco…

 

É certo que iniciantes vão insistir nessa pergunta e nem sempre ficarão satisfeitos com a resposta…

 

Basicamente porque a resposta é análoga ao que teríamos ao questionarmos: Que bebida me recomenda? Que carne me recomenda?

 

No universo de bebidas, existem cervejas, vinhos, uísques, sucos, cafés… No de carnes, podemos encontrar bovinos, peixes, caças, ovinos, suínos…

 

Ainda que divididos em grupos menores, se considerarmos a cerveja, poderia ser uma da Larger Pilsen, ou uma Pale Ale… Vinhos do Porto, Cabernets…

 

Ou se forem peixes, pode ser do mar, de rio, uma tainha, traíra, salmão…

 

Com o tabaco é exatamente a mesma coisa! Existe um universo muito amplo na tabacaria, e quando se trata de cachimbos então, nooooossssa!!! Parece não ter fim a escolha…

 

Podem ser neutros, aromáticos, misturas inglesas, balcânicas, tem os híbridos como MIs modernas ou aromatizadas…

 

Podem conter Virginias, Burleys, Periques, Kentuckys, Latakias Sirios ou Cipriotas, etc, etc, etc…

 

E como bem disse o Confrade Luis Leal lá no Tabaco Diário do YouTube, como em um doce, os ingredientes ainda têm proporções e preparos completamente distintos.

 

Somado a isto, trata-se de um produto agrícola, muitas vezes com processos e misturas artesanais… Nem sempre é igual… Um tabaco que uma vez é excelente, pode nem ser tão bom assim em outra vez…

 

E depende das condições de armazenagem, umidade, temperatura, tempo transcorrido…

 

Varia ainda conforme o prato, digo, cachimbo, pois pode mudar totalmente de comportamento…

 

Mas o pior, o pior mesmo, é que a percepção de paladar e olfato é brutalmente diferente de uma pessoa para outra e, por consequência, as predileções variam muito.

 

Eu por exemplo, não costumo gostar de carne suína, e adoro carne de cordeiro e salmão cru… Não quer dizer que meu irmão, criado na mesma casa, pelo mesmo pai e mesma mãe, e mesma cultura, ainda que muitos nos achem parecidos, goste destas coisas. Antes pelo contrário, ele detesta ovinos e come carne de porco.

 

Daí com o tabaco, ídem. Ele curte narguile e acha cachimbo muito forte. Ainda que gostasse de cachimbos, eventualmente seria coincidência gostar exatamente do mesmo tabaco que eu.

 

Além de toda essa salada de fatores, o que poderia dizer ser preponderante, é a condição pessoal, que inclui alimentação, estado psíquico, experiência (treino ou maturidade do paladar e olfato), tolerância à nicotina, acompanhamento, ocasião em questão, até turno do dia, etc…

 

Um tabaco que lhes parece tenebroso em um momento pode parecer apetecível logo após certo tempo.

 

Então caros confrades, não culpem seu vendedor ou amigo que porventura lhe faça gastar um valor com um tabaco que não lhe agrade. Isso é bastante possível e compreensivo. São muitos os fatores a serem considerados.

 

Mesmo coisas lidas no tobaccoreviews.com podem não lhe servir.

 

Por sorte, muitos de nós pode contar com o tabaco amigo da quarta-feira e com confrades que se arriscam a trazer boas opções do exterior para nós, e ainda eferecem kits de amostras.

 

Precisamos exaltar este trabalho pois ajuda a conhecermos nossas próprias preferências, e com o tempo passamos a aumentar o acerto nas aquisições.

 

Da mesma forma, confrades mais experientes devem ter extremo zelo na indicação de tabacos aos iniciantes. É, por demais, frustrante provar algo dito como maravilhoso, que lhe pareça intragável.

 

É como alguém que não gosta de uísque ter como recomendação um puro malte… Não adianta, pode ser a melhor série de um Macallan ou Glenlivet que não fará diferença. Parecerá tudo ruim. Dai prova uma Skol e acha bom, pois gostava mesmo é de cerveja. Nem sabe que talvez a Duvel seja muito melhor.

 

Ainda que me considere um amante de misturas ditas balcânicas, minha mulher vai continuar achando que tem o cheiro do avô dela…

 

Então, o tabaco que indico, pode não servir, pode não ser de seu agrado. Recomendo provar todos os que puder, de Arapiraca a Margate, sem discriminar sem provar primeiro.

 

E sabe qual é o melhor tabaco que existe pra mim? O próximo!