E aí que, geralmente iniciantes, adotam a expressão do título desta matéria para designar algo que para muitos é só um vício fedorento…
Mas vamos por partes, começando do final.
Quando você vai num restaurante bom, você aprecia um prato primoroso de um grande chefe de cozinha. Quem é o artista?
Quando você aprecia uma cerveja artesanal feita com primazia, cheia de nuances e sabores, você se considera um artista?
Quando você assiste um filme espetacular, você está fazendo arte?
Pois então, porque com cachimbo seria diferente?
Pelo dicionário Michaelis, a palavra arte tem pelo menos 25 diferentes definições, que como o mesmo descreve, se confundem muito ao passar do tempo, mas modernamente, poderíamos dizer que arte é produzir algo, através de esforço, habilidade e talento, e que instigue as pessoas, provocando nelas sentimentos de toda ordem.
Se você considerar que o repúdio que sua esposa tem pelo cheiro da queima de um Pirate Kake um sentimento, talvez eu aceite seu argumento, mas em contrário, os pipe makers são artistas, e os blenders são artistas, pois seguem à risca as definições de arte, produzindo algo útil através de matéria natural, tais quais os cozinheiros também o são.
Caso contrário, acredito que você é um consumidor da arte.
O Hábito ou vício pelo tabaco queimado em um pipo é, na real, um ritual, rodeado de muita cultura, e isto gera esta confusão com esse termo que não deveria ser utilizado de forma tão indiscriminada.
Da mesma forma, um hábito que no mínimo é considerado por milhares uma coisa anti-higiênica, que beira o relaxamento, que traz mal à saúde, que incomoda terceiros por ser por vezes muito fedorento, não tem absolutamente nada de nobre, antes ao contrário, se enquadra muito mais nos antônimos desta palavra. Consulte o Google se não as lembra.
A confusão se deve ao fato de ser um hábito secular, tradicional, sempre ligado a pessoas cultas, com livros em mãos, pensadores, com bengalas cartolas e fraques. Alguém até já disse que um tolo com cachimbo na boca pode tornar-se um sábio…
Então, sou obrigado por definição técnica a concordar com meu “confrade” Giba, que um dia disse: A nobre arte é meu ovo.
E refiro-me a confrade, pois aí sim a definição está adequada pois compartilhamos dos mesmos interesses, hábitos, somos colegas, companheiros de confraria, etc.
Dificilmente você verá algum cachimbeiro experiente usar essas definições para se referirem a este costume. Logo, para não parecer uma pessoa que força as situações, evite esta expressão e ajude a popularizar este nosso vício, assim como os amantes de narguilé estão fazendo, pois vai baratear nossos insumos se mais gente entenderá que é uma prática que já foi popular, que faz muito menos mal que tomar cervejas caras, e que não precisa ser pedante, elitista e que na prática é como ir em um restaurante, tomar uma cerveja, assistir a um filme.
Ah! E se por ventura vier fazer comparativos com os sommelier, devo lembra-los que eles escolhem e recomendam vinhos a terceiros, em geral não engolem a bebida e nem ficam bêbados. Logo, a menos que você faça isso com tabaco como profissão, seu argumento também é inválido.
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